Esquina do tempo

A esquina nasceu assim ao natural, forçada pela topografia. Quem vinha do campo, entrava na boca-da-picada e seguia sempre pelo divisor d’águas. Aliás, não seguia, ainda segue. Por léguas e léguas não se cruza uma ponte sequer, apenas raros bueiros diminutos. Os primeiros imigrantes procuravam aguadas, e, naturalmente, seguiam para os vales onde correm sangas, lajeados e arroios.
Assim nasceu Lajeado Progresso. Várzeas férteis, águas boas, árvores frondosas e madeira de lei em abundância. Angicos, ipês, açoita-cavalos, grápias, canafístulas, cedros, louros, timbaúvas, cedros, tarumãs, canelas, guatambus, cabriúvas.
Em algum ponto da picada geral, derivou-se para o vale lateral, formando-se assim uma esquina. Vieram imigrantes das colônias velhas. Uma vez, os vales ocupados, fixaram-se nas coxilhas. A esquina de picadas era um lugar de encontros, uma referência. Alguém fundou um armazém, bem aí. Outros fizeram casas na volta, o lugar cresceu: Esquina Progresso!
Os primeiros imigrantes da região foram os madeireiros, instalando serrarias. As primeiras tocadas à água, depois máquinas a vapor. Mais tarde motores a diesel e por fim, bem mais tarde, a eletricidade. Vieram agricultores, moleiros, bolicheiros. Depois das picadas as estradas de chão. Hoje asfalto. A picada geral transformou-se em “estradão”. Hoje é asfaltada.
Com o tempo levantou-se uma escola, uma igreja, o cemitério. O armazém de secos e molhados, o campo de futebol, o salão, a cancha de bochas, o moinho, a ferraria.


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